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Na aulas de TIC e Didática de 4 de Março assistimos à apresentação dos trabalhos de tese de mestrado de Maria Pedro e de Paula Moreira, ambos subordinados ao tema da Avaliação das Aprendizagens dos Alunos do 1º ciclo. Os trabalhos destas colegas centraram-se em diferentes aspectos da mesma temática e são o resultado de uma investigação partilhada que se complementa, e que é um exemplo do chamado trabalho em rede, conceito que exploro em seguida com base em alguma bibliografia.

 

Evolução do trabalho em rede

A pesquisa colaborativa, prática já bastante antiga nos meios académicos, tem sofrido uma crescente difusão dada a facilidade de comunicação e troca de informação que o acesso a variadas tecnologias veio proporcionar. Se no passado a interacção entre comunidades científicas se encontrava essencialmente adstrita  às fronteiras de um país, hoje em dia, o recurso a meios como a videoconferência ou espaços virtuais de trabalho assíncrono vieram expandir o número de projectos de colaboração com dimensão internacional. Além disso, a própria valoração do trabalho cooperativo sofreu um incremento positivo ao longo dos tempos não só nos domínios da investigação científica, mas também noutras áreas – no mundo empresarial considera-se cada vez mais que aquilo que distingue uma firma das suas competidoras não é o conhecimento que possui, mas a forma como orquestra, gere e coordena a sua rede de parceiros globais.1

Vantagens e desvantagens do trabalho em rede

Algumas das vantagens apontadas pelas colegas relativamente à sua experiência de  trabalho em rede foram o aumento das possibilidades de obtenção de um produto de qualidade devido à confluência de esforços e da diversidade de ideias empregues na sua execução, a possibilidade de exploração de um  maior número de recursos num período de tempo mais curto, uma maior abrangência temática e uma maior facilidade de resolução de problemas, bem como o apoio mútuo ao longo de todo o processo.

No entanto, Lussi e Marinucci  (2007) alertam para para o facto de o trabalho em rede poder levantar algumas resistências. Estas podem decorrer não só da metodologia ou do contexto do trabalho em rede, mas também do investimento de tempo e energias necessário ao desenvolvimento de competências no domínio das tecnologias, ou mesmo da dificuladade de  acesso às ferramentas tecnológicas (computadores, Internet). Por outro lado, a longa tradição de investigação localizada e micro-contextualizada em algumas comunidades pode dificultar o estabelecimento de relações de colaboração, 2 dificuladades estas acrescidas quando os campos de investigação dos cientistas envolvidos são muito distintos – os cientistas que pertencem e trabalham numa disciplina tendem a tomar como garantida a compreensão de termos específicos (que lhes são familiares) pelos indivíduos que não pertencem a esse campo de estudos, criando-se  por vezes uma barreira de comunicação. Esta barreira pode conduzir a situações em que os membros das várias disciplinas se limitam a trabalhar em paralelo sem uma interacção efectiva.1  A este respeito Jara Holliday (2008) sublinha que os factores dinamizadores do trabalho em rede são os objectivos ou metas estratégicas comuns e não o trabalhar em rede por si só – o trabalho em rede enfatiza o processo de construção de espaços de encontro e de acção comum e não a estrutura organizacional. Assim, é importante que os investigadores possuam objectivos e metas estratégicas comuns e se mobilizem na construção de diversas formas de coordenação operativa, realizando um esforço para encontrar todos os pontos de convergência possível.3

Considerações finais

A meu ver, mais do que uma ferramenta importante para a melhoria da qualidade e eficiência da investigação, o trabalho colaborativo impor-se-á no futuro como uma ferramenta imprescindível em qualquer pesquisa: uma vez que o desenvolvimento científico exponencial a que temos assistido exige, por um lado,  uma especialização cada vez maior dos profissionais das diversas áreas e, por outro, a interconexão destes saberes específicos,  a colaboração estreita entre investigadores, mais do que uma escolha, é uma necessidade.

Bibliografia

Katsouyanni, K. (2008). Collaborative research: Accomplishments & potential. Environmental Health 7.

Lussi, C., & Marinucci, R. ( 2007). Notas sobre trabalho em rede.

Holliday, O. J. (2008). O trabalho em rede: 15 proposições para obter cumplicidades e forças. Paper presented at the Incontro Internazionale.

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